Rogério Lage de Oliveira, Presidente do Conselho de Administração da Cooperabaeté.
O nível de incerteza econômica global segue relativamente elevado. A quebra de bancos norte-americanos e um sentimento de instabilidade financeira derreteram o mercado de commodities agrícolas e tem trazido surpresas desagradáveis, tanto para agricultores, quanto para pecuaristas.
O preço da arroba de carne bovina tem sofrido queda após queda, deixando o nosso pecuarista de “cabelo em pé”, pois vínhamos de três anos de altas sucessivas, e nem o melhor dos economistas previa uma baixa tão significativa, embora estivéssemos encerrando um ciclo pecuário, que força a baixa. A baixa pegou o pecuarista com estoque de animais com preços elevados, acarretando perdas financeiras enormes, somado a um custo de produção elevado, pois até aqui os insumos de alimentação para a produção pecuária estavam muito elevados.
A queda nos valores das commodities agrícolas foi mais acentuada. Agricultores que não negociaram suas safras antecipadamente estão vendo suas margens de lucro derreterem, frustrando um ano de trabalho árduo. Porém, os insumos de produção para a próxima safra também sofreram baixas significativas, sinalizando uma luz no fim do túnel para a próxima safra.
O patinho feio do agronegócio regional, a pecuária leiteira, tem sido uma das atividades que sofreram menor impacto na atual conjuntura econômica do país, pois tivemos uma recuperação de preços pagos ao produtor, na comparação de abril de 2023 com o mesmo mês do ano passado, de 12,27%, aliada a uma boa safra de grãos, especialmente de milho e soja, que tem deixado o preço da ração em patamares mais baixos, aumentando a RMCA, isto é, recuperando a margem de rentabilidade da atividade.
Contudo, os preços mais altos dos produtos lácteos nas gôndolas dos supermercados, baixo crescimento de renda e piora relativa no mercado de trabalho têm inibido o consumo. Isso, aliado às importações recordes e valorização do real frente ao dólar, tem causados incertezas para a safra do leite que está se iniciando.
Portanto, amigo pecuarista, o momento é de muita cautela quanto a investimentos na atividade leiteira, devido à incerteza de médio a longo prazo. É também o momento de aproveitarmos o momento favorável para recuperarmos a rentabilidade da atividade, pois o indicador receita menos o custo alimentar está nos favorecendo, com a baixa dos insumos e alta relativa do valor pago ao produtor.
Diante da instabilidade das commodities agrícolas que compõem a formulação de nossas rações, decidimos adiar a Tecnoagro 2023, que estava marcada para 14 a 17 de junho. Ela foi remarcada para 26 a 29 de julho de 2023. Com isso, esperamos garantir o sucesso da feira, que tem sido um dos pontos fortes no calendário da Cooperabaeté, e contribuir mais com o produtor rural, pois acreditamos ainda em pequena baixa no preço do milho, principal insumo na composição de nossas rações. Se isso acontecer, acaba arrastando os demais insumos, e a compra do farelo de soja, em grande parte, já está travada em contratos futuros de Frame
Se quisermos ser eficientes economicamente, precisamos, antes de qualquer coisa, fazer uma leitura da conjuntura econômica que vivemos. E “fazer do limão uma limonada”, tirando algo de bom das dificuldades.
“Não podemos fazer o mesmo de sempre e esperar resultados diferentes”
Eficiência econômica exige profissionalização da cadeia. Não basta termos eficiência produtiva, não envolve apenas questões técnicas da atividade. Envolve análise de mercado, seguros agrícolas, travas em bolsa de valores e mercados futuro e muitos outras variáveis. E nós estamos aqui para profissionalizarmos junto com vocês, produtores.
Cooperabaeté, uma cooperativa que construímos juntos!
Publicado por: Renato Alves
