Avaliação do Mercado do Leite

O mês de junho de 2023 iniciou-se com uma notícia não tão agradável e que está gerando enorme preocupação aos pecuaristas de leite. Trata-se da confirmação da queda acentuada do preço de leite referente à produção do mês de maio, que será pago ao produtor no mês de junho. Em alguns casos, ela pode chegar a R$ 0,26 por litro de leite.

Isso se deve à maior disponibilidade interna de lácteos, à redução do consumo pela população e, principalmente, ao aumento das importações. O valor médio do litro de leite poderá reduzir 8,5% em relação ao valor pago ao produtor em maio de 2023. Segundo dados do Conselho Paritário entre Produtores e Indústrias de Laticínios de Minas Gerais (Conseleite), o Brasil importou, em maio deste ano, o valor mais alto visto nos últimos tempos, gerando enorme desequilíbrio no mercado de lácteos dentro do país.

No entanto, mesmo com a criação dessas grandes incertezas do mercado, não podemos avaliar apenas a renda bruta do leite isoladamente como um fator principal para determinar prejuízo econômico e inviabilizar a atividade leiteira. Devemos ter um olhar mais criterioso em relação às nossas análises. Ou seja, o custo de produção também gera grande impacto na rentabilidade da atividade.

Dessa forma, o principal foco deve ser a margem bruta da atividade, que consiste na diferença entre a renda e o custo. Será que apenas o preço do leite teve variação ao longo do período? Não, pois os indicadores nos mostram que o custo com alimentação do rebanho pode chegar até 50% em relação à renda bruta da atividade. Isso somando os custos com volumosos e concentrado, dois itens que geram grande impacto no resultado econômico.

Além disso, paramos um pouco para avaliar o comportamento dos dois principais concentrados energéticos e proteicos utilizados para formulação das rações, a soja e o milho. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), a soja teve uma redução de 23,8%, e o milho, de 37,5% em saca, em relação a janeiro de 2023. Além de tudo, dados do ICP Leite/Embrapa concluíram que houve redução das despesas com concentrado em 7,5%, com minerais em 11,9% e com volumosos em 4,2%.

O mercado do leite realmente é muito complexo, porém, as demais atividades também sofrem altos e baixos durante os anos, períodos de sucesso e de crise. Devido ao alto capital empatado para produção de leite, o produtor não inicia e finaliza a atividade leiteira do dia para a noite. Por isso, é necessário que ele esteja preparado para atravessar os momentos de crise. Isso só se torna possível quando há gestão, somada ao entendimento de que o fluxo de caixa é diferente do custo de produção, pois o custo de produção avalia um período e não um ou dois meses isoladamente.

A assistência técnica vem para auxiliar e nortear as tomadas de decisão do produtor, juntamente com o aumento de escala. Avaliando dados do Educampo Leite, melhores resultados econômicos vêm do equilíbrio entre os fatores de produção, mas principalmente de escala produtiva, ou seja, produzir mais com menos vacas, produzir mais com menos terra, levando a uma maior eficiência produtiva.

Em virtude dos fatos mencionados, é necessário destacar a importância da união entre produtores e cooperativas, pois, como abordado novamente pelo Conseleite, a força entre os elos da cadeia vai proporcionar que os interesses do setor sejam levados em discussão nacional e que algo seja feito para taxar as importações de produtos subsidiados fora do país, valorizando, assim, o leite de produção brasileira. Além disso, devemos manter nossas vacas produzindo leite, produzindo receita, pois a redução de fornecimento de alimentos como o concentrado não trará benefício à atividade. Novamente, devemos pensar no significado de diluição de custo.

Por: Cassiano Fernandes Lobo

Publicado por: Renato Alves

 

📰✨ Jornalista, editora do jornal Cooperabaeté desde setembro de 1998. 🗞️🖊️

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