CARTA DA DIRETORIA – Eficiência Produtiva

Analisando o custo de produção de uma propriedade leiteira de médio porte na região de Abaeté, em sistema semiconfinado (vacas em lactação a pasto durante o verão e confinadas durante o inverno), que possui um rebanho médio de 50 vacas girolando F1 (Holandês x Gir), obtivemos uma grata surpresa ao chegar em números reais bem competitivos entre as atividades do agronegócio regional, principalmente tratando-se de áreas pequenas.

A propriedade em questão possui 16 ha de pastagens extensivas, 12 ha de piquetes rotacionados e 20 ha de área de plantio de milho (silagem e grãos), com uma produção média de 595 litros de leite diários. Obtivemos uma renda bruta da atividade anual de R$ 674.421,74 e um custo operacional efetivo (COE) anual de R$ 556.842,70, resultando em uma margem bruta anual de R$ 117.579,27, que resultou em uma margem bruta mensal de R$ 9.798,27 e uma margem bruta por ha de R$ 2.499,57/ano.

Abaixo no GRÁFICO 1, podemos observar os itens que compõe o COE.

Um ponto a se destacar nessa propriedade é que temos muitos indicadores a serem melhorados. Dentre eles, o aumento do número de vacas totais e produtividade/total de vacas, o que impactará diretamente no fator de escala, diluindo custos fixos e alguns custos variáveis, melhorando a receita da propriedade e, consequentemente, a rentabilidade da atividade.

Mais vacas no leite e mais leite nas vacas.

Em recente participação no I Encontro das Cooperativas Agropecuárias do segmento Leite – Agroleite, discutiu-se muito sobre a sustentabilidade e futuro da pecuária leiteira brasileira, e um ponto foi consensual, a ineficiência produtiva da cadeia leiteira brasileira.

Melhoria na eficiência dos bens de produção é a saída para a melhoria na rentabilidade.

Do lado do produtor, precisamos evoluir, já que estamos competindo com “grandes indústrias” de leite da Nova Zelandia, dos EUA e do resto do mundo e até mesmo com muitas propriedades brasileiras. As fazendas leiteiras estão se profissionalizando e se tornando empresas com administração técnica e gerencial extremamente profissional. A cada dia que se passa, a eficiência dos bens de produção será mais decisiva para a sobrevivência do setor leiteiro. Precisamos mensurar tudo da porteira para dentro para sabermos onde estão os gargalos. Sendo assim, a época do “eu acho” precisa ficar no passado.

Exemplo de sucesso e de profissionalização é a agricultura brasileira. Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Foram conquistados aumentos significativos na produção e nas produtividades agropecuárias. O preço da cesta básica, no Brasil, reduziu-se consideravelmente e o país tornou-se um dos principais players do agronegócio mundial. Hoje, se produz mais em cada hectare de terra, aspecto este importantíssimo para a preservação dos recursos naturais.

Somente a partir do sucesso da agricultura brasileira, tivemos o impulsionamento de alguns setores da pecuária, avicultura, suinocultura, piscicultura e alguns sistemas de produção da pecuária de corte. Estes estão entre os mais competitivos do mundo e não podemos esquecer de alguns sistemas da produção leiteira, que são também extremamente competitivos internacionalmente.

Porteira adentro, precisamos pensar em eficiência dos bens de produção e não esperar preços astronômicos para melhorar a rentabilidade do setor, pois a maioria de nossas industrias competem em commodities (leite em pó, leite UHT e muçarela), que não possuem valor agregado significativo, competindo com o mercado de lácteos internacional. O caminho para a eficiência produtiva está na assistência técnica e gerencial, produtividade da mão-de-obra, evolução genética, nutrição de precisão, entre muitos outros bens de produção.

Porteira afora, precisamos de políticas agrícolas sérias, pesquisa, fomento à assistência técnica e gerencial, crédito agrícola facilitado, que ajudem na evolução dos sistemas de produção leiteira brasileira e ainda produtos de qualidade e valor agregado. Possuímos tudo para sermos, na pecuária leiteira, gigantes como somos na soja, milho, café, laranja, açúcar, avicultura, suinocultura e muitos outros setores produtivos, nos quais somos referências mundiais.

Por: Rogério Lage de Oliveira

Cooperabaeté, uma Cooperativa que construímos juntos!

Publicado por: Renato Alves

📰✨ Jornalista, editora do jornal Cooperabaeté desde setembro de 1998. 🗞️🖊️

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


× Atendimento online