As chuvas estão chegando, e esta época apresenta desafios significativos para os produtores de leite e para as indústrias de laticínios, já que ambientes úmidos e instáveis podem impactar negativamente a qualidade do leite. Uma das preocupações principais é a ocorrência de mastite, inflamação da glândula mamária, que compromete a produção de leite e sua qualidade. Para prevenir a mastite nas vacas durante esse período crítico, é essencial adotar medidas preventivas adequadas. Entre elas, é importante reforçar e lembrar as seguintes ações gerais que fazem toda a diferença no conforto dos animais e na redução dos riscos de transmissão dos microrganismos para as vacas:
– Higiene rigorosa: Garanta instalações limpas e bem drenadas para as vacas. Desinfete os tetos antes e depois da ordenha, utilizando produtos adequados. O segredo é ordenhar, sempre, vacas com tetos limpos, desinfetados e secos;
– Manejo Adequado: Evite o estresse das vacas, pois ele pode reduzir a defesa do animal, ou seja, a resposta de seu sistema imunológico frente aos diferentes desafios e patógenos. Mantenha uma rotina regular de ordenha e nutrição adequada;
– Manutenção do equipamento de ordenha: mantenha em dia e faça as trocas das teteiras e de outros componentes conforme recomendação do fabricante
– Ambiente Confortável: Providencie abrigo para as vacas durante as chuvas, minimizando a exposição à umidade e ao frio excessivo.
Precisamos lembrar também que, com o maior risco de mais casos de mastite subclínica (inaparente, sem sinais clínicos e com aumento da contagem de células somáticas – CCS) e também de mastite clínica, em que, dependendo da bactéria identificada, temos que usar antibiótico, podemos ter maior gasto e presença de resíduos de antibiótico no leite quando as medidas preventivas do protocolo MRST não são implementadas.
São elas:
a) M – Marcação das vacas tratadas, b) R – Registro dos tratamentos; c) S – Separação das vacas tratadas e d) T – Tratamento segundo as orientações da bula, além da ordenha dos animais tratados por último e do descarte do leite de todos os quartos mamários da vaca tratada de acordo com
o período de carência estabelecido pelo fabricante do antibiótico utilizado no tratamento. O leite não pode veicular resíduos de antibióticos porque, além da proibição estabelecida na legislação brasileira e mundial, há riscos para a saúde dos consumidores e problemas sérios para as indústrias de laticínios e para o meio ambiente.
Além da mastite e do maior risco de presença de resíduos de antibióticos, a contagem padrão elevada (CPP) do leite é outra preocupação durante a estação chuvosa. Altas contagens bacterianas não só representam uma perda da qualidade do leite por contaminação bacteriana, mas também aumentam o risco de não atendimento do padrão legal estabelecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e até mesmo, de interrupção de coleta quando as médias geométricas trimestrais do leite são maiores do que 300.000 UFC/mL. Na época das chuvas estes riscos são maiores em função da maior contaminação dos tetos da vacas no ambiente em que elas ficam entre uma ordenha e outra e, também, devido à maior possibilidade de perda de qualidade microbiológica da água utilizada na limpeza e desinfecção dos equipamentos.
Para manter a qualidade do leite e a saúde das vacas durante a época das chuvas, é crucial adotar rigorosamente estratégias para a prevenção global dos problemas que podem ocorrer. Estas medidas incluem sistematicamente:
– Monitoramento regular: Realize o teste da caneca diariamente em todos os quartos mamários antes das ordenhas para detecção precoce de mastite clínica e faça análises mensais de CCS individual do leite das vacas, no dia da pesagem do leite, para avaliar a saúde úbere, identificar vacas com
mastite subclínica e saber o status da glândula mamária (vaca sadia, curada, nova infecção ou mastite crônica). Mantenha os registros detalhados e os avalie para tomar decisões corretas;
– Treinamento da Equipe: treine a equipe de ordenha para garantir que todos estejam cientes das práticas corretas de higiene e ordenha e que todo o manejo seja padronizado;
– Consultoria Técnica: Mantenha um relacionamento próximo com um Médico Veterinário ou com outro técnico especializado. Eles podem fornecer orientações específicas para a saúde das vacas durante a estação chuvosa.
Lembre-se de que a qualidade do leite é essencial para você, produtor, para as indústrias de laticínios e para garantir a saúde dos consumidores. Adotar medidas preventivas eficazes durante a época das chuvas ajudará a manter a produção de leite de alta qualidade e a saúde do rebanho.
Portanto, antes que as chuvas se intensifiquem, reveja as práticas, ajuste o que for necessário e garanta a produção de leite dentro do Tudo nos Conformes. A hora é agora e não podemos esperar!
Publicado por: Renato Alves