Ao ler a carta do ano passado, por ocasião dos 95 anos da Cooperabaeté, vi que estávamos no “Olho do Furacão” de talvez a maior crise que a pecuária leiteira brasileira já enfrentou! Não que a crise tenha passado, pois toda crise traz sequelas, muitas vezes incuráveis. Entretanto, para aqueles que estão se profissionalizando na produção pecuária, o cenário agora é bem mais confortável do que há um ano.
Como dizia meu querido pai: “Depois de toda tempestade vem uma calmaria.”
São ensinamentos de pessoas que já viveram muitos momentos difíceis neste país abençoado por Deus, porém ainda jovem no que diz respeito à sua sociedade. Precisamos reconhecer o poder que temos em mãos: nosso clima, nossas riquezas minerais, biológicas e intelectuais. A agricultura tropical brasileira merecia um Prêmio Nobel, pois somos o único país do mundo com excedentes de alimentos capazes de acabar com a fome global. Há 50 anos, éramos importadores, com solos de fertilidade original muito inferior à de países como Argentina, Ucrânia e Estados Unidos, nossos principais concorrentes no mercado internacional de commodities.
“Precisamos valorizar o que temos e lutar por um país melhor, sem olhar apenas para nosso próprio umbigo!”
A pecuária leiteira está tomando uma proporção que, há 10 anos, jamais imaginaríamos. Para aqueles que desejam se manter no mercado, eficiência será a chave. E, para muitos parâmetros de eficiência, o quesito escala está diretamente relacionado. Os números do projeto Educampo indicam uma tendência de consolidação de grandes fazendas leiteiras, pois suas margens líquidas são mais atrativas. Essa tendência já vem se consolidando há décadas, e, em países com pecuária leiteira desenvolvida, apenas 10% dos produtores (os eficientes) permanecem no mercado, enquanto a produção continua a crescer. (veja gráfico abaixo)
Em 2013, 10% dos produtores respondiam por mais de 1.000 litros/dia, representando 36% do leite produzido. Em 2023, esses produtores representam 61% da produção, apesar de constituírem apenas 5% do total.
Nova Fábrica
Diante dessa tendência e da crescente demanda por insumos e suplementos minerais e vitamínicos, essenciais para a Nutrição de Precisão dos rebanhos leiteiros, a Cooperabaeté inaugurará, no dia da comemoração de seus 96 anos, uma fábrica de suplementos vitamínicos e minerais. Essa nova unidade produzirá suplementos de linha branca, suplementos proteicos, núcleos, premix e seus derivados.
A nova fábrica, cujo nome será apresentado no dia da inauguração, representa um investimento de grande potencial, alinhado às tendências de mercado. Diferente do mercado de rações, esses produtos têm margem para expandir e alcançar distâncias consideráveis. O objetivo da diretoria da Cooperabaeté é evoluir em Governança Corporativa, transformando a cooperativa em uma verdadeira “Highlander” – no sentido brasileiro da palavra: “Aquele que não se acaba ou morre.”
Essa nova fábrica trará novas oportunidades mercadológicas, com margens diferenciadas, mas para isso será necessário evoluir na governança e no profissionalismo da equipe. Novos profissionais serão contratados para que possamos atender um público que hoje não atendemos ou que ainda não atendemos com foco na Nutrição de Precisão.
Que venham os próximos 96 anos! Parabéns a todos que contribuíram para esta trajetória – cooperados, colaboradores, parceiros e diretores. E um agradecimento especial aos antepassados, presentes e ausentes, pois sem eles a existência desta instituição não seria possível. Aos atuais, cabe a difícil tarefa de substituir essas grandes pessoas que por aqui passaram.
Cooperabaeté, uma cooperativa que construímos juntos!
Por: Rogério lage de Oliveira – Presidente da Cooperabaeté