Mastite Crônica: Impáctos Para a Atividade Leiteira

A mastite pode ser classificada, quanto à forma, em clínica e subclínica. A mastite subclínica pode ainda ser de curta ou de longa duração, sendo esta última geralmente considerada como mastite subclínica crônica.

Segundo vários autores, uma vaca é considerada sadia quando a CCS de seu leite é de, no máximo, 200.000 cels/mL. A partir desta contagem, ou seja, acima de 200.000 cels/mL, perdas econômicas ocorrem. Há citações na literatura de que, à medida que o número de lactações aumenta, as perdas na produção de leite também aumentam. Como exemplo, Martins etal. (2020) descrevem, a partir de vários estudos, perdas de 0,3 a 0,7 kg/dia em vacas de primeira lactação e de 0,6 a 1,9 kg/dia em vacas adultas por unidade de escore linear (LN) acima do ponto de corte de 5,3 (200.000cels/mL).

Pela contagem de células somáticas (CCS) individual de leite, uma vaca é considerada com mastite crônica quando apresenta CCS acima de 200.000 cels/mL em dois ou mais meses consecutivos na lactação.

Outro aspecto importante que merece destaque refere-se aos diferentes microrganismos associados à mastite crônica. Eles podem impactar, de forma diferente, a composição e também a produção de leite. No estudo de Martins et al. (2020), a produção e a composição do leite foram avaliadas em vacas sadias, não crônicas, crônicas positivas na cultura microbiológica e crônicas negativas na cultura microbiológica.

Neste estudo de Martins et al.(2020), a perda de leite foi calculada considerando-se a diferença entre a produção de vacas sadias (três testes de CCS ≤ 200.000 cels/mL e cultura negati-va) em relação às vacas não crônicas (um teste de CCS > 200.000 cels/mL e uma cultura positiva); crônicas PC (crônicas e positivas na cultura – pelo menos dois testes de CCS em três > 200.000 cels/mL e positivo na cultura); crônicas NC (crônicas e negativas na cultura). Em relação à composição, os autores apresentaram dados de gordura, proteína total, lactose, sólidos totais (ST) e sólidos não gordurosos (SNG) expressos em g/vaca/dia (Quadro 1) e em g/100 g.

Quadro 1. CCS, composição e perdas de produção de leite de vacas sadias, não crônicas, crônicas positivas na cultura e crônicas negativas na cultura.

A CCS do leite de vacas crônicas e positivas na cultura foi a mais elevada (756.200 cels/mL), e a maior perda na produção de leite também foi observada neste grupo. Em relação à composição, o leite de vacas crônicas e positivas na cultura apresentou ainda menores teores (g/vaca/dia) de gordura, proteína total, lactose, sólidos totais (ST) e sólidos não gordurosos (SNG).

Desta forma, além da redução significativa da produção de leite, a diminuição dos componentes e a maior CCS levam a perdas adicionais quando se considera o programa de pagamento por qualidade do leite.

Considerando-se o impacto na produção de leite segundo a bactéria identificada, Martins et al. (2020) observaram efeitos diferentes. A perda de leite foi estimada pela diferença entre a produção de vacas sadias e de vacas crônicas positivas na cultura.

De acordo com a Figura 1, vacas crônicas positivas na cultura para Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus likebacteria, Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Staphylococcus Não aureus tiveram menor produção de leite quando comparadas com vacas sadias (P < 0,05). As perdas de leite variaram de 5,8 ± 1,5 a 11,8 ± 3,3 kg/vaca/dia dependendo da bactéria. As perdas de leite por tipo de bactéria foram de 24,5% quando as vacas apresentaram mastite crônica positiva para Staphylococcus aureus na cultura; de 26,0% para Streptococcus uberis e Staphylococcus Não aureus; de 27,0% para Streptococcus dysgalactiae; de 35,3% para Streptococcus agalactiae e de 44,9% para Streptococcus likebacteria. Ao contrário, vacas crônicas PC infectadas por Corynebacterium spp. tiveram produção de
leite similar quando comparado com vacas sadias.

Publicado por: Renato Alves

Author:
Professora Titular da Escola de Veterinária da UFMG. Parceira da CCPR no Programa Tudo Nos Conformes.

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