A crise na pecuária leiteira tem tirado o sono de praticamente 100% dos produtores de leite do Brasil, e um dos principais vilões desta “insonia generalizada” é a importação de leite do Mercosul. Às vezes, somos indagados sobre a ineficiência econômica/produtiva do produtor de leite brasileiro, que para os leigos parece ser real, porém não é, pois as leis do livre comércio entre países do Mercosul não é legal para os produtores brasileiros. Para ser legal, precisávamos ter equiparidade câmbial, tributária e fiscal, o que não acontece, favorecendo os produtores argentinos e uruguaios. Isso sem falar nos subisídios que os produtores argentinos recebem, algo em torno de R$ 0,42 / litro de leite, ficando evidente a tese de dumping no comércio do leite.
A morosidade e a inércia de nosso governo têm acelerado a agonia da cadeia leiteira brasileira, comprometendo o futuro do suprimento desse alimento essencial na mesa do consumidor brasileiro e o futuro de toda a cadeia produtiva, que vai muito além dos produtores de leite. Ao destruirmos a cadeia produtiva leiteira, ficaremos à mercê do mercado internacional, o êxodo rural se acentuará e a economia de cidades que têm o leite como setor primário principal se dilacerará.
O SOS Leite, movimento contra as importações de leite, começado aqui na Cooperabaeté durante a Tecnoagro 2023, foi tomando formato e robustez, somado aos dois Encontros dos Produtores Brasileiros de Leite (que culminaram no decreto assinado pelo presidente, que coíbe a importação de leite, retirando o benefício do programa Mais Leite Saudável das indústrias que importarem o produto). Tivemos o manifesto Minas Grita pelo Leite, encabeçado pela FAEMG, que culminou na assinatura, pelo governador Zema, do decreto estadual, que retira momentaneamente o benefício de isenção de ICMS, das indústrias que importarem leite dentro do estado de Minas Gerais. Aliado aos decretos estadual e federal, o governo federal anunciou a repactuação de dívidas de investimento, um folego para os produtores de leite que têm compromissos de investimento para saldar no 2024.
“Depois de toda tempestade vem uma calmaria”
Ao analisarmos os gráficos de valores pagos ao produtor de leite da Cooperabaeté, concluimos:
– Sete baixas consecutivas, de abril a novembro de 2023, representando 31,8% de baixa no valor pago ao produtor de leite, fazendo com que o custo de produção ultrapassasse o valor pago pelo leite;
– Quatro altas consecutivas, de dezembro de 2023 a março de 2024, representando 19,4% de retomada de preços, dando um fôlego ao produtor, porém aquém do esperado.
“Nos momentos difíceis, descobrimos nossa resiliência e capacidade de superação. Tiramos força de onde nem sabíamos que tínhamos. Por outro lado, nos alerta que não devemos nos acomodar nas épocas de tranquilidade, pois é aí que corremos o risco de nos tornarmos complacentes com tudo.”
Cooperabaeté, uma Cooperativa que fazemos juntos!!
Publicado por: Renato Alves