Ao contar a história de sua vida, D. Osvaldina Felícia dos Santos tem uma palavra-chave: luta. Muita luta. Junto a ela: companheirismo, fé e um imenso amor.
Criada pelo avô, João Rodrigues Pereira, em uma fazenda de Biquinhas, desde criança ela já ajudava a tirar leite, tratar de porcos, colher algodão, cuidar da casa. Estudou até a antiga quarta série e, aos 17 anos, se casou com José Soares dos Santos, hoje diretor administrativo da Cooperabaeté. ‘Nós nos casamos no dia das mães, segundo domingo de maio de 1972. Saí da luta na roça do meu avô e continuei na luta ao lado do meu esposo”, conta a produtora, junto às filhas Sônia e Andreia.
No início, o casal trabalhava com lavouras de milho, arroz e feijão. “Eu sempre junto, ajudando na colheita, cozinhando para os companheiros. Eram de 10 a 12 por dia. Eu socava arroz no pilão, fazia aquela baciada de comida, colocava na cabeça e levava até as roças”, recorda.
Mais tarde, começaram a produzir 10 litros de leite/dia. Ainda não havia os caminhões leiteiros e, para levar a produção, a cavalo, até a Cooperativa em Biquinhas, eles contavam com o apoio dos vizinhos (e depois da filha Sônia).
Nessa época, após tirar o leite, José Soares saia para prestar serviços com arado de boi para terceiros. Dona Osvaldina assumia, então, a lida na fazenda, com ajuda das filhas. “Zé levantava de madrugada pra tirar o leite, eu levantava pra apear as vacas. Ele saía pra trabalhar nas roças, a gente ia cortar cana e capim pra fazer ração para o gado, cascar e debulhar milho pra fazer fubá e tratar de porco. Sônia até tirava um pouco de leite. Depois ela saiu pra estudar, ficou a Andreia me ajudando a carregar a ração para as vacas. Quando o Zé chegava da roça, eu ainda ia lavar roupa e fazer biscoito pra gente tomar café na madrugada. Alguém pode falar que trabalhou igual a gente, mas mais, eu acho que não”, diz.
Até cerca de oito anos atrás, D.Osvaldina ainda ajudava no curral. “Tive problemas de varizes e precisei diminuir o ritmo. Eu e o Zé ficamos muito tempo tirando o leite sozinhos. Tiramos até 500 litros na mão, antes de por ordenha e contratar vaqueiros”, recorda.
Hoje, D. Osvaldina ainda cuida da administração da fazenda para o marido trabalhar na Cooperabaeté. Há 38 anos, José Soares é também juiz de Paz da cidade de Biquinhas. Ele foi nomeado em 1984, pelo então governador Tancredo Neves.
Na Fazenda Retiro das Palmeiras, o casal mora em uma casa muito bonita e confortável, presente da filha Sônia, pedagoga e doutora em Direito. “Ela quis retribuir o que nós investimos na formação delas. Andreia é biomédica e trabalha na área de estética, em Itaúna. Temos uma neta, Alice, de 15 anos”, ressalta D. Osvaldina, com orgulho.
Ela destaca também sua alegria em integrar a Família Cooperabaeté e manda um abraço especial às mães. “Que Deus abençoe e proteja todos os nossos amigos, os cooperados, os colaboradores. Que possamos continuar unidos. É com essa união que nós vencemos e nos fortalecemos cada vez mais”, finaliza.
Publicado por: Renato Alves