De baixo custo e de fácil aplicação, a vacina é a estratégia mais simples, eficaz e segura contra a Raiva bovina, uma doença altamente letal, que pode acometer também as pessoas.
A Raiva é uma doença infecciosa aguda (SNC) de etiologia viral, que acomete todos os mamíferos, inclusive os seres humanos. É uma zoonose de notificação obrigatória, cuja transmissão geralmente ocorre de forma direta, pelo rompimento das defesas naturais da pele, ou pelas mucosas. O vírus possui a forma de um projétil, o que facilita a sua progressão dos nervos periféricos até o SNC.
Os principais transmissores no Brasil são os morcegos, mesmo os não hematófagos, que, quando infectados, podem apresentar comportamento anormal agressivo. Outros animais, como canídeos silvestres, pequenos primatas, cães e gatos domésticos, também podem transmitir a Raiva, caso sejam infectados.
A doença é endêmica (comum) e acontece o ano todo, em todas as regiões do Brasil. A maioria dos casos notificados estão nas regiões centro-oeste e sul.
Em nossa região, tem ocorrido casos confirmados de Raiva, a maioria, em fazendas onde houve falhas na vacinação. Há ainda muitos casos suspeitos, que são subdiagnosticados devido à não realização de exames, o que dificulta a quantificação de casos. Porém, é sabido que a doença está presente, tem causado prejuízos e tornado um grande risco a saúde dos envolvidos, visto que é letal e pode acometer as pessoas.
Há uma grande variação no período de incubação, que depende da cepa viral, do local de infecção, da quantidade incubada e das condições de defesa do indivíduo. Em bovinos, geralmente ocorre de 60 a 75 dias, podendo chegar de seis meses a um ano.
O vírus migra pelo sistema nervoso periférico cerca de 100 a 140 mm/dia, em direção ao SNC, causando lesões degenerativas em regiões responsáveis por atividades vitais. Por isso, podem apresentar os mais variados sintomas.
Apesar das inúmeras possibilidades de doenças que causam encefalite, deve ser considerada a apresentação de qualquer sintoma neurológico, como comportamento anormal (apatia/agressivo), movimentos descoordenados, flexão ou extensão do pescoço e ou membros, desequilíbrio, cegueira, paralisação dos quartos traseiro, salivação, anormalidades nos movimentos dos olhos e orelhas, vocalizações, isolamento do rebanho, disfunções do sistema digestivo. A confirmação só pode ser realizada por diagnóstico laboratorial, com amostras de partes encefálicas específicas. Não há tratamento.
A vacina, a estratégia mais simples, eficaz e segura contra a doença, é de baixo custo e de fácil aplicação, devendo ser devidamente condicionada até o momento da aplicação.
A vacinação deve ocorrer em todos os animais acima de três meses, com reforço de 30 dias após a primeira dose. Posteriormente, reforços anuais. Ressaltamos que apenas um animal acometido corresponde ao valor de vacinação de todos do rebanho por muitos anos.
Por: Lucas A. M. de Assis, médico veterinário da Cooperabaeté
Publicado por: Renato Alves