A saracura, de nome científico Aramides saracura, é uma ave que costuma permanecer escondida nos brejos, em silêncio, durante a maior parte do dia.
No alvorecer e no final da tarde, ela canta, em dueto de macho e fêmea, ao mesmo tempo em que sai da toca à procura de alimento.
Essa ave é conhecida no interior de Minas Gerais pelo nome Saracura Três Potes, porque, segundo os camponeses, ela canta repetindo a expressão “três potes, um coco, um coco”. Dizem também que esse canto é anúncio de chuva.
Eu sempre achei a saracura uma ave muito elegante e bonita, que aparenta estar sempre muito limpa, com as penas brilhantes.
Para minha satisfação, descobri que essa espécie costumava visitar o meu quintal todas as manhãs, bem cedo.
Por várias oportunidades, vi algumas saracuras no deck da piscina, executando o seu canto tradicional, ou no galinheiro, em disputa de alimentos com as galinhas.
Mas, certo dia, descobri um detalhe estranho numa das aves, certamente, o macho.
Como eram bem mansas, pude chegar bem perto e observei que a referida ave tinha esporas, como se fosse um galo.
Fiquei tão surpreendido com o achado, que resolvi investigar o fenômeno, e fotografar os vestígios, antes de contar para alguém, para não ser taxado de mentiroso.
Nas minhas diligências, descobri que as saracuras, em suas vindas ao nosso quintal, namoravam o galo garnizé que habitava o ambiente. Desse namoro despretensioso, nasceu uma cria híbrida.
Foi aí que pude ver mais detalhes do cruzamento das duas espécies: as crias mestiças, além de possuírem uma excrescência carnosa sobre a cabeça, que lembrava bem a crista de galo, tinham também as pintas nas penas, bem parecidas com o pai garnizé.
Por: Estáquio Márcio de Oliveira
Publicado por: Renato Alves