Todos unidos por uma cadeia produtiva de leite forte

Estamos passando pela pior crise econômica no setor da pecuária leiteira brasileira, sofrendo uma concorrência comercial desleal no Mercosul, não apenas de nossos hermanos, mas principalmente pelas leis comerciais criadas e aprovadas por nossos políticos. Quando falamos que nossos produtores não são competitivos no mercado internacional, estamos cometendo uma falácia, pois temos muita gente profissional e com alto nível competitivo. Nessas idas a Brasília pelo movimento contra as importações de leite em pó e pela estruturação da cadeia leiteira brasileira, escutei um produtor de leite pedir a voz e nos dar aula de política agrícola. Ele disse que, para termos equiparidade comercial no Mercosul, precisaríamos ter equiparidade FISCAL, TRIBUTÁRIA, CAMBIAL, sem falar no subsídio que os argentinos tem recebido de R$ 0,40 a R$ 0,50 / litro de leite.

Ao indagar nosso amigo Vasquinho sobre quem era aquele senhor, tive a feliz comunicação que era Benedito Rosa, que dirigiu por 30 anos a secretaria executiva e de política agrícola do MAPA. Ele falou com propriedade, em 3 minutos, mais que muitos em duas horas durante a audiência na FPPL (Frente Parlamentar em apoio ao Produtor de Leite). Ficou evidente a tese de dumping no comércio do leite (considera-se que há prática de dumping quando uma empresa exporta para o Brasil um produto a preço menor do que o preço de produção). Assim, as leis do livre comércio do Mercosul não deveriam vigorar sobre o leite. Porém, a morosidade e a inércia de nossos governantes tem ajudado a “matar” não só os nossos produtores, mas como toda a cadeia produtora de leite Sobre Brasília, ficou um ensinamento de um jovem deputado. Não podemos votar pelo discurso e sim pelo placar, pois muitas vezes escutamos belas palavras e péssimas escolhas. Este foi o discurso de Nicolas Ferreira, que não é da área, não é produtor e nem do meio, mas disse muito. Precisamos nos politizar para poder votar com responsabilidade, precisamos saber qual o propósito de nossos legisladores e de nossos executores. Só assim saberemos quem está de nosso lado e quem está contra nós para termos um Brasil melhor!

O movimento aqui começado durante a Tecnoagro 2023, o SOS leite, vai tomando formato, robustez, pois os dois encontros dos produtores brasileiros de leite vão muito além do movimento imediatista em barrar a importação brasileira de leite em pó, que tem alcançado valores inadmissíveis, destruindo a cadeia leiteira nacional. A causa defendida pela FPPL está correlacionada com o passado (renegociação de dívidas de custeio), presente (cessar de imediato as importações draconianas) e futuro (medidas estruturantes para sustentabilidade do setor) da pecuária leiteira brasileira.

O movimento defendido pela FPPL precisa tomar mais força ainda, pois a produção leiteira está em 98% dos municípios brasileiros. Nossos municípios (Abaeté e região) têm na pecuária a principal fonte de renda primária. Portanto, com o fracasso de nossa pecuária, teremos um efeito dominó, atingindo o setor terciário (comércio e serviços), uma vez que nossa atividade secundária é mínima (indústria). Portanto, precisamos de apoio do poder legislativo e executivo local, pois estamos falando de nosso futuro.

Quando falo tomar mais força, falo para os nossos produtores de leite se unirem em uma causa justa. Precisamos valorizar quem nos valoriza, pois temos empresas que querem nos derrubar e, por causa de qualquer R$ 0,05 / litro de leite, nos leva pro seu lado. Como disse o Nicolas, não podemos ser parceiros de quem quer nos destruir.

Se me perguntarem se vejo uma luz no fim do túnel, vejo sim! Pois temos pessoas competentes, dignas e empenhadas pela causa. Precisamos ser autossuficientes na produção leiteira e darmos dignidade aos nossos produtores, pois é uma atividade apaixonante. Apesar de todas os entraves enfrentados, o produtor de leite é um herói, pois “luta contra tudo e contra todos”. Mesmo assim, não tem a reconhecimento da sociedade.

Em nome da Cooperabaeté, quero deixar um agradecimento ao Vasco Praça Filho (CEMIL), Marcelo Candioto (CCPR), Deputada Ana Paula Leão, Márcio Lopes (OCB), Ronaldo Scucato (OCEMG), Geraldo Borges (ABRALEITE), Antônio Pitangui de Salvo (FAEMG), Vicente Nogueira (Câmara do leite da CNA), por todos os esforços gastos pela causa. À Prefeitura Municipal de Abaeté, ao Sicoob Credinacional, ao Sindicato dos Produtores Rurais de Abaeté, pelo apoio sempre dado à Cooperabaeté, em especial na comitiva à Brasília no II Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite. E, em especial, aos produtores e afins, que se prontificaram a ir a capital federal, deixando seus afazeres para uma viagem longa e cansativa, para defender o que nos é de direito.

Cooperabaeté, uma Cooperativa que construímos juntos!

Publicado por: Renato Alves

📰✨ Jornalista, editora do jornal Cooperabaeté desde setembro de 1998. 🗞️🖊️

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