Trazendo Equidade ao Campo: Por Preços Mais Justos no Leite e Contra Importações Desleais

Deputada Ana Paula Leão: “Confiamos no potencial do nosso setor e não vamos parar até que ocupemos o lugar que é nosso por direito e mérito”.

Em entrevista ao Jornal Cooperabaeté, a presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL), deputada federal Ana Paula Leão, fala sobre o movimento nacional e deixa uma mensagem de esperança aos produtores:

Deputada, na sua visão, qual a importância dessa união nacional em prol do produtor de leite?

Quando olhamos pra trás, a realidade nunca foi de união. Com muito esforço e com o trabalho realizado pela FPPL, temos conseguido mudar isso e conscientizar todos da importância de um trabalho conjunto. Afinal, o que seriam das cooperativas e indústrias se não fossem nós, produtores? E o que seria de nós sem eles? Somos um só e compartilhamos o mesmo amor pela cadeia leiteira.

Mais do que nunca, precisamos estar unidos e lutar, em uma só voz, por preços mais justos e para barrar as importações desleais. Felizmente, o II Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite mostrou que estamos no caminho certo. Vimos em Brasília uma mobilização com mais de mil pessoas, entre produtores, parlamentares, autoridades e entidades do setor. Foi emocionante e, até mesmo, esperançoso ver o quanto muitos se sacrificaram para estarem ali.

Não tem sido fácil, mas não vamos desistir até que sejamos realmente respeitados e valorizados pelo nosso país. É aqui que geramos milhões de empregos e renda e, portanto, nada mais justo do que ser aqui também o lugar onde sejamos prioridade.

Quais são suas perspectivas? Há esperança?

Sim, nós estamos nesta luta porque acreditamos, confiamos no potencial do nosso setor e não vamos parar até que ocupemos o lugar que é nosso por direito e mérito.

Não temos hoje no Brasil uma política pública efetiva voltada ao setor leiteiro. Portanto, a FPPL tem atuado em várias frentes e, no último encontro, apresentamos três pleitos principais do nosso trabalho, que são a criação de um Plano Nacional de Renegociação de Dívidas para a pecuária de leite, a adoção de salvaguarda ante importações de produtos subsidiados de forma permanente e a execução de compras públicas com a inserção permanente de leite nacional nos programas sociais do Governo.

Apesar da gravidade da crise que estamos enfrentando, a nossa perspectiva é, claro, que o trabalho surja efeito. De uma certa forma, já demos os primeiros passos com a publicação do decreto que retira benefícios fiscais das empresas que importam ou utilizam produtos lácteos importados. Com ele, a expectativa é que haja uma queda nas importações.

Recentemente, tivemos também a publicação do decreto que cria o Grupo de Trabalho Interministerial para fortalecer a cadeia produtiva do leite no país. O principal objetivo do grupo é propor medidas estruturais que promovam a eficiência, resiliência e sustentabilidade do setor. Agora, o que desejamos é que o Governo cumpra com as promessas feitas e acate as nossas propostas em defesa do setor leiteiro como um todo, principalmente dos pequenos e médios produtores.

Quais serão os próximos passos?

Vamos continuar com as negociações para cessar as importações de leite de países do Mercosul. Em relação às outras medidas, inclusive apresentadas no último encontro dos produtores, nós já vamos começar a trabalhar junto aos ministérios e órgãos responsáveis.

Nós estamos discutindo também o Programa Mais Leite Saudável, que prevê investimento, por parte das empresas, para os produtores. A gente precisa saber ao certo para onde esse dinheiro está indo, quem está recebendo, se os produtores estão mesmo sendo atendidos. Recentemente, também conseguimos as assinaturas necessárias para o requerimento de urgência do projeto de lei da senadora Tereza Cristina, que proíbe a utilização da palavra “leite” em produtos que não sejam de origem animal. Então, temos muito trabalho pela frente!

Que mensagem deixa ao produtor?

O que eu peço é que as pessoas tenham fé e não abandonem a atividade leiteira. É difícil, eu sei, eu também sou produtora de leite e compreendo o que cada um está passando. Mas nós não podemos desistir, de forma alguma. Somos competitivos, autossuficientes, temos vocação e um amor incomparável pela pecuária de leite. Não desistam!

Publicado por: Renato Alves

📰✨ Jornalista, editora do jornal Cooperabaeté desde setembro de 1998. 🗞️🖊️

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