Os mercados nacional e global de leite ainda seguem sob grandes incertezas. Na área i nternacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciados, principalmente, por uma menor demanda chinesa. Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece.
Assim, o cenário do leite pago ao produtor no mês de Mai.24, referente ao leite produzido em Abr.24, ainda é de incertezas frente ao grande volume de importações e às incertezas da economia do país, comprometendo o futuro da atividade leiteira.
Registramos, porém, alguns ganhos consideráveis para o produtor de leite. Neste último mês, tivemos uma recuperação de preços pagos ao produtor de 25,3% em comparação ao menor preço médio da Cooperabaeté, que se deu em Nov.23,contra uma baixa de 31,8%, nesta data, em relação a Abr.23. Em contrapartida, tivemos uma redução do Custo de Produção de Leite de 5,5% no mesmo período, de acordo com o Gráfico de ICPLeite/Embrapa.
A comparação dos números Valor Pago ao Produtor x Custo de Produção de Leite nos mostra uma tendência de recuperação de rentabilidade do produtor de leite. Falo tendência pois, para isto acontecer, teremos que ter, ainda, recuperação do valor pago ao produtor ou mesmo uma estabilidade nesses valores e no custo de produção de leite.
Produzir leite é uma atividade extremamente complexa, pois são um emaranhado de variáveis que determinam a rentabilidade da atividade. Se o produtor não estiver preparado para “surfar na onda”, ele chegará no “pagode após a dança”. Gestão da pecuária leiteira é o pilar fundamental no sucesso da atividade. Gestão é a análise do fluxo de caixa e de todos os outros pilares da pecuária leiteira.
O sistema de bonificação de leite da CCPR teve uma mudança significativa este mês, onde bonificará mais quem tem melhor qualidade de leite. É um sistema de meritocracia e, consequentemente, quem não tiver o mérito da qualidade, acabará sendo penalizado. Esta é uma oportunidade econômica para quem tem feito o dever de casa da qualidade de leite e para incentivar quem não o tem feito, pois, infelizmente, o maior incentivo está no bolso de muitos. Só com leite de qualidade teremos produtos de maior valor agregado e, consequentemente, uma melhor remuneração do nosso produto.
Tenho uma concepção, desde os tempos de consultoria, de que fazemos qualidade de leite para a sanidade de nossas vacas e não para a indústria, pois o ganho financeiro pela produtividade é muito maior que o ganho financeiro pago pela indústria. Isso é exemplificado no gráfico abaixo, que mostra a redução de produtividade animal de acordo com o aumento da CCS.
Cooperabaeté, uma cooperativa que fazemos juntos!
Por: Rogério Lage de Oliveira, presidente da Cooperabaeté
Publicado por: Renato Alves