A ordenha é a atividade que mais demanda mão de obra numa fazenda produtora de leite. O aumento do número de vacas em lactação nos rebanhos aumenta a necessidade de mão de obra qualificada e acarreta em maior tempo de ordenha. Para otimizar esse tempo de ordenha, é comum o produtor instalar unidades de ordenha adicionais. Porém, nos sistemas de ordenha sem extratores automáticos de teteiras, em que o número de conjuntos de ordenha ultrapassa o potencial de trabalho dos ordenhadores, o risco de ocorrer a sobreordenha é maior.
A sobreordenha é a permanência do conjunto de ordenha acoplada nos tetos das vacas mesmo depois que já finalizou o fluxo de leite. O principal efeito da sobreordenha é o aumento das células somáticas, pois a sobreordenha afeta negativamente a condição dos tetos e a ocorrência de mastite.
Após a ordenha, o esfíncter do teto (orifício por onde sai o leite) continua aberto durante um tempo e depois se fecha formando uma barreira física que protege o interior do úbere contra a invasão de microrganismos causadores de mastite que estão presentes no ambiente. Quando acontece a sobreordenha, as teteiras continuam nos tetos das vacas por um tempo sem ter fluxo de leite, e isso pode afetar a integridade da pele dos tetos, causando lesões e prejudicando o fechamento do esfíncter do teto. O resultado é o maior risco de infecções intramamárias.
As lesões, quando crônicas, causam o que chamamos de hiperqueratose, que é a calosidade na ponta dos tetos. Isso facilita muito a entrada de bactérias causadoras de mastite no teto e em partes superiores do úbere. Outro ponto negativo da sobreordenha é que durante o período de baixo fluxo de leite, pode haver transferência de bactérias dos quartos infectados para os quartos sadios, o que aumenta mais ainda a incidência de mastite.
Produtor, fique atento para que o tempo de sobreordenha não ultrapasse dois minutos. É necessário adequar a duração do tempo de ordenha com a rotina de trabalho dos ordenhadores. Ações como o treinamento de mão de obra, instalação de extratores automáticos de teteiras e a adequação do número de conjuntos de ordenha conforme a capacidade de trabalho dos ordenhadores são práticas que podem auxiliar na manutenção da integridade dos tetos e da sanidade da glândula mamária do rebanho.
Por: Bruna Leonel Supervisora de Projetos e Qualidade da CCPR/Itambé
Publicado por: Renato Alves