De vez em quando, escrevo uma história que sugere a discussão sobre a possibilidade da existência de inteligência animal. Não quero opinar sobre a matéria, nem estabelecer debates com quem classifica atitudes dos animais como meros instintos. Mas, sempre que presenciar um bom acontecimento relacionado a esse tema, vou relatar, para incentivar a polêmica.
O causo de hoje é exemplo que se enquadra bem nesse assunto discutível do mundo animal. É também uma forma de homenagear a memória do meu cachorro de estimação, o Bob, que morreu este ano. Era um mestiço das raças rottweiler e pastor alemão, que tinha o corpo e as cores da primeira raça e a inteligência da segunda.
O Bob era o cão de guarda, o companheiro de caminhadas e o amigo fiel. Ele seguia as rotinas da casa, cuidava dos outros cães, das galinhas e se preocupava sempre com nosso bem estar.
No ano passado, apareceu no galinheiro um pintinho solitário, sem uma galinha-mãe para lhe dar os devidos cuidados. Para que o pintinho abandonado não morresse à míngua, minha mulher resolveu colocá-lo numa caixa de papelão, onde oferecia comida e água, além de outros cuidados.
Como era período de inverno, a caixeta com o pintinho era levada ao deck da piscina de manhã, para o banho de sol do vivente. À tarde, quando a sombra já cobria toda a área, a caixa com o filhote era levada a um local coberto e fechado, para a necessária proteção noturna.
Num final de tarde, quase início de noite, o Bob ficou nervoso, inquieto e claramente tentando chamar nossa atenção. Tive de verificar o que afligia tanto o meu amigo cachorro.
Ao perceber minha presença, o Bob foi ao meu encontro e, praticamente, me empurrou para o local onde estava a caixa com pintinho órfão. Nesse momento, compreendi o motivo do desespero do cachorro, chamei minha esposa e lembrei que ela havia se esquecido de guardar o filhote.
Resumo da ópera, a ave foi recolhida ao seu abrigo e o cão se deitou na varanda, tranquilo e com a sensação de dever cumprido. Seria instinto animal, ou inteligência?
Por: Estáquio Márcio de Oliveira
Publicado por: Renato Alves