A cultura microbiológica do leite é uma ferramenta fundamental para o controle da mastite. Durante a investigação de um rebanho com alta CCS (contagem de células somáticas) e/ou alta incidência de mastite clínica, os resultados da cultura do leite fornecem evidências essenciais para a solução do problema. Ao lidar com um problema de mastite contagiosa causada, por exemplo, por Staphylococcus aureus ou Streptococcus agalactiae, as culturas microbiológicas são essenciais para a tomada de decisões individuais sobre o tratamento, segregação, secagemou descarte das vacas.
Neste sentido, cuidado e precaução extras são necessários durante o processo de coleta por meio de procedimentos padronizados e pautados em assepsia para garantir que as bactérias identificadas se originam do leite e não da extremidade do teto ou de outras fontes (pêlo, mãos do funcionário ou ambiente). Se as amostras não forem coletadas, manuseadas e transportadas corretamente, os resultados bacteriológicos não terão valor diagnóstico.
Amostras de leite para cultura devem ser coletadas antes que a vaca seja tratada com antibióticos e imediatamente antes da ordenha. Quando os quartos individuais mostram sinais clínicos de mastite ou resultados positivos no teste de CMT ou CCS elevada, amostras individuais devem ser coletadas dos quartos afetados. Se todo o rebanho estiver sendo amostrado, amostras compostas (de todos os quatro quartos mamário em único frasco de coleta) fornecerão resultados razoáveis.
Para minimizar contaminação, destacamos os principais procedimentos que devem ser seguidos para que os resultados obtidos reflitam, efetivamente, o que está acontecendo na glândula mamária.
Destacamos que o percentual máximo aceito de amostras com crescimento de três ou mais bactérias diferentes nas placas e que indicam contaminação das amostras é de 5%. Acima deste valor, a interpretação dos resultados e a tomada de decisões na fazenda para o controle da mastite ficam muito prejudicados.
Entre os principais problemas observados que comprometem os resultados da cultura microbiológica, destacam-se: a) falhas na coleta (tetos não limpos e desinfetados corretamente; amostras coletadas de vacas em tratamento; erros na identificação dos animais ou perda da mesma nos frascos); b) tempo e temperatura de armazenamento das amostras na fazenda e c) tempo e temperatura relacionados ao transporte das amostras.
Amostras destinadas a laboratórios tradicionais devem ser congeladas, embaladas em sacos plásticos para evitar contaminação e enviadas em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável. Gelo comum deve ser evitado, pois o mesmo pode descongelar e contaminar as amostras.
Para cultura na fazenda, caso as amostras não sejam analisadas imediatamente, devem ser seguidas as recomendações dos fabricantes das placas.
Portanto, a cultura microbiológica realizada em laboratório tradicional ou na fazenda é uma ferramenta muito importante que depende fundamentalmente dos procedimentos de coleta de leite das vacas (amostras individuais de quartos mamários ou compostas de todos os quartos). Fique atento! A análise tem custo e a coleta bem feita é o primeiro passo para a tomada de decisão correta na fazenda!
Por: Mônica Maria
Publicado por: Renato Alves