Tem fatos da nossa infância que a gente nunca esquece. Marcam pra vida inteira. E nos provocam umas boas risadas quando lembramos. Esse fato aconteceu entre 1970 e 1971, eu devia ter uns quatro anos de idade. Morava na fazenda e era daqueles meninos custosos demais da conta, que davam muito trabalho para os pais.
O que eu mais gostava era de ficar atrás do meu pai, acompanhando tudo o que ele fazia. Gostava demais quando ele mexia com gado. E achava o trem melhor do mundo ver meu pai esquentar o ferro até ficar vermelho e marcar uma criação, um boi, uma vaca.
Meu pai tinha comprado uma variante verde, dos primeiros carros que vinham com acendedor de cigarro. Ele fumava muito, toda hora acendia um cigarro. E eu achava interessante demais ver o acendedor ficar vermelhinho. Não precisava nem virar a chave para acionar.
Um dia, aprontei muito e minha mãe me colocou de castigo dentro da variante. Ela estava fazendo comida e ficava me olhando, já que a cozinha era quase ao lado da garagem.
Dentro do carro, eu apertei o acendedor de cigarro, olhei praquilo, vermelhinho, e pensei:
– Igualzinho o pai marcando o gado.
Então, eu pegava o acendedor de cigarro, ia no forro da porta do carro e falava assim:
“toma ferro, boizinho!” “Toma ferro, boizinho”.
Nessa brincadeira, eu queimei de 20 a 30 locais no forro da porta. Vocês imagina o tamanho da surra que eu levei do pai e da mãe pra explicar essa peraltice?
Por: Rogério Lage de Oliveira
Publicado por: Renato Alves