Produção de Leite Seguro – O Que Buscar em 2024 Para sua Garantia

A produção de leite seguro e de alta qualidade é fundamental para garantir a saúde pública e a satisfação do consumidor. Para alcançar esse objetivo, é crucial implementar práticas preventivas que evitem a presença de resíduos de antibióticos e reduzam a Contagem Padrão em Placas (CPP) e a Contagem de Células Somáticas (CCS).

Durante todo ano de 2023, destacamos as ações para melhorar a qualidade do leite e em 2024, continuaremos discutindo as principais medidas para alcançar e manter a qualidade do leite em todos os meses. Em primeiro lugar, é preciso destacar a necessidade de treinamentos regulares dos funcionários que enfatizem a importância do uso responsável de antibióticos e do cumprimento rigoroso dos períodos de carência para evitar resíduos no leite. Além disso, a seleção cuidadosa de medicamentos, baseada em orientação veterinária, minimiza o impacto negativo na qualidade do leite.

As medidas preventivas essenciais para implementação na fazenda visando assegurar a ausência de resíduos de antibióticos no leite incluem algumas práticas cruciais:

1. Uso responsável de antibióticos
– A administração de antibióticos deve ser feita estritamente sob orientação veterinária e somente com medicamentos aprovados para vacas leiteiras;
– Respeitar os períodos de carência é vital para garantir que nenhum resíduo dessas substâncias seja veiculado pelo leite e contamine todo o tanque.

2. Registros certos dos tratamentos
– Manter registros detalhados sobre o uso de medicamentos, incluindo datas de administração e nomes dos antibióticos utilizados, período de carência e o dia que o leite da vaca tratada pode ser destinado para o tanque, auxilia na gestão eficaz e na prevenção de resíduos indesejados.

3. Treinamento dos funcionários
– Realizar treinamentos regulares com os retireiros da fazenda, destacando a importância do uso correto dos antibióticos e de obedecer as orientações das bulas.

4. Identificação dos animais
– Marcar e identificar cada animal tratado na lactação e no período seco facilita o acompanhamento do histórico dos tratamentos, permitindo um controle mais efetivo sobre o uso de antibióticos. Para a marcação, podem ser utilizados spray, pulseiras, colares, entre outros, com cores diferentes que identifiquem as vacas tratadas na lactação e no período seco. É importante fazer pelo menos duas marcações para ficar mais fácil a identificação pelo funcionário.

5. Programas de saúde preventiva
– Garantir o bem-estar animal e implementar programas abrangentes de saúde preventiva, incluindo vacinação e boas práticas de manejo, ajuda a reduzir a necessidade de tratamentos com antibióticos.

6. Análises de qualidade de leite
– Realizar testes regulares para detectar a presença de antibióticos no leite é uma medida preventiva crucial. Esses testes podem ser incorporados aos procedimentos padrão de controle de qualidade. Para tal e no caso de dúvida, consulte o técnico.

7. Descarte correto de leite
– Orientar os retireiros sobre o procedimento adequado de descarte de leite durante o período de carência é fundamental para não contaminar o tanque.

8. Monitoramento por veterinário
– Estabelecer um programa de monitoramento veterinário frequente para avaliar a saúde do rebanho, identificar precocemente as doenças e determinar se é necessário usar antibiótico.

Ao adotar essas medidas preventivas de forma sistemática, os produtores conseguem produzir leite seguro, de alta qualidade e livre de resíduos de antibióticos, atendendo aos padrões exigidos pela legislação e pela indústria.

A higiene na ordenha é um ponto crítico que precisamos estar atentos. A desinfecção rigorosa dos tetos antes da ordenha (predipping) e a manutenção adequada dos equipamentos de ordenha reduzem a contaminação bacteriana, contribuindo para uma baixa CCS. A adoção de práticas de manejo que garantam um ambiente limpo e saudável para as vacas, a gestão adequada do estresse calórico e a oferta de uma dieta equilibrada desempenham um papel fundamental na qualidade do leite.

O monitoramento regular e a gestão da CCS individual do leite das vacas no dia da pesagem do leite permitem a identificação precoce de mastite subclínica e a adoção de ações preventivas. Além disso, a cultura microbiológica do leite das vacas com CCS maior do que 200.000 cels/mL contribui para a prevenção de novos casos de mastite subclínica, reduzindo a CCS e ainda, em alguns casos, a CPP.

Em resumo, a produção de leite seguro e de qualidade, o ano todo, requer uma abordagem holística que abranja desde a seleção adequada de medicamentos até práticas de manejo e higiene na ordenha.

Portanto, fique atento produtor e não deixe para de-pois! A hora é agora para rever e garantir a qualidade e a produção de leite seguro!! Feliz 2024 a todos!!!!!!!!

Autor:
Professora Titular da Escola de Veterinária da UFMG. Parceira da CCPR no Programa Tudo Nos Conformes.

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