Mastite – O Que Perdemos Quando Não Fazemos o Monitoramento

A mastite continua sendo a doença de maior impacto financeiro na atividade leiteira. Desta forma, é muito importante monitorar a contagem de células somáticas (CCS) e os patógenos envolvidos na mastite clínica e subclínica, por meio da cultura microbiológica do leite.

A CCS deve ser avaliada considerando os resultados do leite do tanque e de todas as vacas a partir da coleta de amostras no dia da pesagem do leite, todo mês. A cultura microbiológica, por sua vez, é muito importante para identificar os possíveis patógenos relacionados à mastite clínica e subclínica. Portanto, a associação da avaliação da CCS (leite de tanque e individual das vacas) e da cultura é necessária para que ações efetivas possam ser estabelecidas na fazenda para o controle da mastite.

Algumas vezes, ouvimos algumas pessoas comentarem que fazer as análises de CCS individual e a cultura microbiológica tradicional ou na fazenda é muito caro. Mas o que é caro? Será que sabemos ao certo o que representam os prejuízos causados pela mastite? Podemos dizer que em muitas situações, os produtores não percebem estes prejuízos principal-mente porque não conseguem identificar a real situação da mastite subclínica na propriedade. Esta mastite, causada por bactérias contagiosas, como por exemplo, Staphylococcus aureus e Streptococcusagalactiae geralmente são inaparentes e se manifestam de forma subclínica. É necessário, então, identificar o problema para implementar as medidas de controle da mastite.

À medida que a CCS aumenta, sabemos que a produção de leite diminui. Estudo feito no Brasil em 243 fazendas, 31.692 vacas por Gonçalves e colaboradores (2018) demonstrou que a redução na produção de leite foi maior em animais de três lactações, mas ocorreu também em animais mais novos (primeira e segunda lactações). Em vacas de terceira lactação e com CCS de 750.000 cels./mL, a redução na produção de leite foi de 14%. Interessante observar na Tabela 1 que mesmo animais de primeira lactação apresentaram redução de 9% na produção de leite,quando a CCS era de 750.000 cels./mL.

O impacto de não realizar a cultura microbiológica associada à CCS individual dos animais ocorre principalmente pela manutenção de acas com mastite crônica no rebanho. E o que estas vacas cronicamente infectadas representam no rebanho? O que acontece com a produção de leite considerando as bactérias identificadas nas amostras de leite destes animais?

Um trabalho feito por Martins e colaboradores (2020) demonstrou diminuição variável da produção de leite de vacas com mastite crônica causada por diferentes bactérias (Figura abaixo).De um total de 388 vacas ava-liadas, 119 eram sadias, 78 apresen-tavam mastite
não crônica e 191 eram cronicamente infectadas, sendo 134, positivas na cultura microbiológica.

A redução da produção variou de 5,85 (S. aureus) a 11,8 kg/vaca/dia nos casos de Streptococcuslikebacteria. Esta redução foi calculada diminuindo a produção de vacas sadias (em torno de 25kg/vaca/dia) pela de vacas com mastite crônica e positivas na cultura.
A redução de produção de leite foi de pelo menos 24,5%, e de 22,4% de sólidos totais.

Por estes e outros estudos, fica evidente que se a CCS e a cultura microbiológica não forem realizadas, não será possível identificar os animais com mastite subclínica e consequentemente, a redução na produção de leite poderá ser muito representativa e impactar negativa-mente no resultado financeiro da fazenda. Então, voltando à pergunta sobre o que é mais caro, tenho certeza e muita segurança em afirmar que os prejuízos causados pela mastite são muito maiores do que o gasto com o monitoramento. Mais uma vez, só controla quem monitora!

Autor:
Professora Titular da Escola de Veterinária da UFMG. Parceira da CCPR no Programa Tudo Nos Conformes.

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